domingo, 11 de janeiro de 2009

O primeiro dia


Nada havia sido definido então. Nada havia para ser dito ou sacramentado e até o mundo ao redor das coisas sabia disso. Aquela parcela invisível e mítica que envolve pessoas vivas ou mortas, animais vertebrados e invertebrados, móveis novos ou antigos, casas abandonadas...
Então, para quê – me respondam – ela deveria olhar para tudo procurando algo se o que ela procurava fazia parte das coisas, era a matéria das coisas e pulsava como um coração que bate da maneira que lhe cabe bater?
Nada havia para ser procurado, dissecado ou verificado.
Nada.
Nada.
Depois da chuva rápida que refrescou a tarde e umedeceu as plantas, o céu acinzentado ganhou uns ares de mar. Como se um oceano de nuvens frescas inundasse naturalmente o teto da cidade.
Foi, como direi, tão bonito esse primeiro dia que parecia até, que era a primeira vez que algo fantasticamente belo acontecia ao mundo....

Ana Vargas - 09/01/2009

Da série "uma foto para um texto; ou um texto para uma foto".

2 comentários:

Dalva G disse...

Voce não perde esta capacidade de nos levar para dentro das histórias e do momento delas. Depois tem as palavras, tão habilmente entrelaçadas, combinadas que quando as leio, preciso primeiro "beber" cada uma e às frases...Só numa segunda vez é que vou perceber o enredo.
Bjs Sou sua fã,número 2, deixo o primeiro lugar reservado a alguem de sua escolha.

anavargas disse...

Amiga Dalva, muito obrigada; suas palavras iluminam o caminho que escolhi para andar. Isso se chama amizade e eu sou grata aos céus por esse presente.

beijo
Ana